I
- E agora, o que é que vamos fazer? – Disse Marta, quebrando, por fim, aquele silêncio que já durava, parecia, horas.
- Não faço a mínima ideia. – Disse Guilherme com a voz trémula. – Porra! Porque é que isto tinha de nos acontecer agora? Porquê? – Continuou, mas desta vez com a voz a desvanecer-se e dando um murro na parede enquanto proferia estas palavras.
Eram perguntas para as quais não tinham resposta, afinal tinham tido tanto cuidado, porém tinha acontecido, ela engravidara.
Dois adolescentes, ela com apenas dezasseis anos, feitos recentemente, e ele prestes a fazer dezanove. Qual destino mais arrogante, capaz de mudar a vida de duas sementes ainda com muito para aprender e crescer.
Miguel provinha de uma família com um estatuto social bastante elevado. O pai era médico, especializado em ortopedia. Era considerado por todos um excelente profissional e um dos melhores ortopedistas da cidade de Faro. A mãe era directora de uma, bem sucedida, empresa de telemóveis.
Quem é que não conhecia a família Monteiro? Quem? Era uma família respeitada por todos, de quem todos queriam ser amigos, vizinhos, primos, afilhados…
A família era constituída por seis elementos: o pai, Jorge Monteiro; a mãe, Manuela Monteiro; e os quatro filhos. Os mais velhos eram os gémeos Guilherme e Maria Eduarda, a do meio era a Cármen de catorze anos e por último o pequeno Francisco de sete anos.
Viviam numa casa que parecia um palácio e o jardim quase se perdia de vista. Cada jovem tinha o seu próprio quarto, decorado ao gosto de cada um. Eram todos quartos amplos. O do reguila Francisco tinha o seu super herói, o homem-aranha. Tudo naquele quarto era do homem-aranha: a colcha, as cortinas, a arca dos brinquedos… O quarto da Cármen era moderno, sofisticado, em tons de laranja; a cama era espaçosa e ao fundo ainda se encontravam vestígios de quem um dia foi criança, as bonecas. Quando a menina mais nova não estava em casa, aquele quarto estava impecável, devido aos cuidados que a D. Ana, empregada da família havia anos, se esforçava por manter arrumado.
Mais uma coisa que andava perdida. Tinha vergonha d'isto, mas a verdade é que bom ou mau é meu! É o início de uma história (inacabada) para um projecto de Português, quando eu tinha 15 anos... Há muitas mais páginas escritas, espero encontrá-las!